MutSaz é uma publicação trimestral, colaborativa e improvisada criativamente do MutGamb (Mutirão da Gambiarra), núcleo editoral que nasceu na MetaReciclagem.
Mescla de poemas feitos em conversa com experiências, tecnologias livres e códigos, ensaios teóricos, relatos de eventos, fotografias, mais códigos poéticos e outros formatos, Mutsaz é uma publicação trimestral do Mutirão da Gambiarra voltada para a pesquisa e documentação da rede MetaReciclagem. Sincronizadas com as estações do ano, foca sempre na realidade mundo_meta. As edições agregam produções mensais de pessoas e organizações de todo o Brasil.
Foram no total 10b edições com diversos autores e a belíssma ilustração de Sília Moan, todo criado em softwares e mãos livres.
Cuña 2012
Cuña, a semeadora, foi lançada no inverno de 2012. O PDF (54 páginas, 18,9 Mb) está disponível aqui e se fez acompanhar de um lindo hotsite com entrevistas em áudio e outras coisas. Edição sob curadoria de Tatiana Wells e dedicada à mulheres e tecnologias.
EncontrAda (Rio de Janeiro, 2012) Cuña, a semeadora, foi lançada no inverno de 2012. O PDF (54 páginas, 18,9 Mb) está disponível aqui e se fez acompanhar de um lindo hotsite com entrevistas em áudio e outras coisas. Edição sob curadoria de Tatiana Wells e dedicada à mulheres e tecnologias.
/// sobre a campanha /// o retome a tecnologia é uma campanha brasileira de ativismo, conscientização e apropriação das tecnologias de informacão e comunicação (tics) para o fim da violência contra as mulheres. a campanha acontece todos os anos durante os 16 dias de ativismo para o fim da violência contra as mulheres, do 25 de novembro ao 10 de dezembro, e é feita a base de trabalho colaborativo e coletivo, inspirado por idéias criativas!
a campanha foi inspirado pela campanha “take back the tech!“, uma iniciativa colaborativa e internacional iniciada pelo programa de apoio a redes de mulheres da associação para o progresso das comunicações (APC). o take back the tech! começou em 2006 e já teve participação de pessoas, grupos, redes e organizações de mais de 15 países da áfrica, ásia, américa latina, américa do norte e europa. no brasil, participa(ra)m mulheres conectadas com diferentes grupos feministas como o coletivo feminista da unicamp, corpus crisis, g2g e wendo-sp.
a campanha brasileira conta com uma lista de discussão (https://lists.riseup.net/www/info/retomeatecnera) assim como promove encontros virtuais por meio de uma sala de bate-papo de IRC (chat.indymedia.org canal #retome). mantemos também um blog (www.retomeatecnologia.info), uma conta no twitter (www.twitter.com/retome) e no identi.ca (www.identi.ca/retomeatecnologia – identi.ca é uma alternativa em software livre ao twitter).
informações detalhadas sobre como participar da campanha estão no blog e estão sendo atualizadas (www.retomeatecnologia.info, vá em “como participar”).
dúvidas, perguntas, idéias, escreva para a gente! retomeatecnera ARROUBA lists PONTO riseup PONTO net
/// ações previstas para 2009 ////
em 2009 estamos planejando, entre outras coisas>
… ações locais em cachoeira (bahia), campinas, rio de janeiro e são paulo … mutirão de trabalho técnico nos nossos sites e blogs … grupo de apoio tech, debates e oficinas no nosso canal de IRC (chat) … experimentações com microblog … blogar em solidariedade com a luta de hermanas nossas … e muito mais… sinta-se à vontade para propor e fazer outras ações!
obs> o calendário junta diferentes tipos de atividades relacionadas à campanha. incluimos alguns eventos e ações organizados por outros grupos, parte de seus 16 dias de ativismo contra a violência contra as mulheres. também colocamos atividades organizadas ou propostas pelo <<retome>> no brasil pela internet (usando ferramentas como email, blogs, chat etc). além disso, há núcleos de pessoas ligadas à campanha retome em algumas cidades organizando atividades presenciais como oficinas ou encontros. finalmente, nos esforçamos para traduzir e divulgar as ações diárias propostas durante os 16 dias da campanha internacional take back the tech!
…
retome@tecnologia:~$ pelo fim da violência contra as mulheres # ///
Artigo escrito por Tori Holmes e Tatiana Wells sobre a Campanha Retome a Tecnologia, para o livro Gênero, Corpos e @tivismos, organizado por Leonardo Lemos de Souza, Dolores Galindo e Vera Bertoline, UFMT, 2012
Espaço-tempo-vestimenta para repensar gênero e tecnologia
g2g = tics & tags
tudo que comemos contém a potência da germinação. basta guardar as sementes, separá-las, a deixarmos secar ao sol depois de lavadas. algumas gostam de água para iniciar seu processo de floração, outras da terra, absolutamente todxs necessitamos de bom ar, para germinar. somos tácitas a sons e cheiros.
essa é uma história de um coletivo de mulheres. não se sabe bem se por gênero-a-gênero, garota-garota, gata-a-gata mas talvez pelo singelo desejo de coexistir na igualdade. nos soa impróprio nos ligarmos por um padrão biológico, já que existem mutantes dinâmicas em cada ser, somos anti-darwinistas (acreditamos na seleção por cooperação), mas essas categorias sem dúvida trazem aproximações comuns interessantes já que lidamos com o imaginário comum humano. e ainda sofremos as consequências de um modo de pensamento totalitário. conversar sobre parentalidade, sexualidade, a opressão tecnocrática ou a gélida carga de violência ancestral de nossos pares são pequenos ritos de dor, onde muitas vezes recriamos o amor dentro. creio que nos agrupamos por essa categoria justamente para desconstruí-la, desenraizarmo-nos colonizadoras.
o grupo de estudo em gênero e tecnologia g2g iniciou seus encontros em um espaço de mídia independente chamado ip, na lapa RJ do ano de 2004. tornaram-se o blog interfaceg2g em uma imersão por BH com aproximadamente 9 meninas. usamos muito de nosso tempo juntas para a construção de um espaço virtual seguro. em uma lista de discussão na internet iniciamos conversas sobre praticamente tudo, de pós-pornô a hardware e software livre, não existem possíveis categorias fixas. aprendemos a hospedar nosso site em um servidor autônomo, administrá-lo (algumas vezes de forma precária, e amadora, leia-se, por amor). além dos encontros internos ao vivo e em IRC realizamos oficinas – webdrupal quando muitas de nós vimos juntas o sitio pela primeira vez / RS – FISL, carnaval eclético tech – encontro de mais de 30 mulheres à caminho do festival Submidialogia em Salvador e Lençóis BA, residências tech – liminar – argentina e genderchangers – holanda, outros coletivos de mulheres que trabalham com tecnologias livres no mundo. colaboramos em campanhas anuais pela retomada da tecnologia em Retome a Tecnologia aonde vivenciamos processos de retomada múltipla dessa tecnologia que tanto amamos, mas que aprendemos a construir de forma experimental, crítica e segura. sob esta antiguada e múltipla interface mulher.
nesses anos nos relacionamos entre pares, em ambientes virtuais, desenvolvendo micro-tecnologias afetivas, refúgio diante de outros ambientes “fervilhantes” e conservadores quanto à categoria gênero dentro do mundo digital. muito pela ineficácia da comunicação virtual, além do monopólio corporativo dos serviços e processos de entrada no mundo em rede, faz-se ainda mais necessário um ambiente de aprendizado horizontal e propício à gentil colaboração. existem pesquisas de como a mulher há de ser incentivada a participar da cultura hacker, não somente porque foi historicamente afastada dela mas porque o incentivo pode ser determinante para a descolonização de saberes – um aprendizado-diálogo-escuta.
nossas descobertas e vidas foram se misturando, a lista cada vez menos usada, no entanto nunca desfez-se. muitas meninas se afastaram, talvez mais do que chegaram. não há planos atuais sobre a retomada do coletivo, do site ou a abertura da lista à novas mulheres. estamos dando um tempo.
numa época de pós-porno, teoria queer e a fragmentação completa de gêneros, coloco a pergunta: qual faz sentido um coletivo de mulheres que têm como sul comum tecnologias livres, novos fazeres e saberes? um caos taoísta onde tudo é possível e ao mesmo tempo o mesmo? neste interessante espaço em que não ouvimos uma pessoa porque ela é mulher, somos todas. somos feministas, é claro. mas nosso enraizamento na cultura pós-feminista enlaça-se com a permanente pergunta sobre quem somos.
texto de tati enviado à lista g2g em dezembro de 2011.