Digitofagia
O conceito brasileiro de Digitofagia (Rosas, Vasconcelos, 2004), refere-se às práticas contraculturais em arte e mídia que incluem um conhecimento situado às realidades territoriais e portanto conhecimentos que incluem de forma criativa a precariedade, a gambiarra, o remix e a apropriação tecnológica. Além das práticas espontâneas, envolvem uma miríade de ações no sentido de fomentar um uso crítico e engajado das tecnologias, ligando práticas muito específicas e locais à teorias em torno dos meios de comunicação táticos europeus, da cibernética dos EUA e até do construtivismo russo. As ideias de Rosas e Giseli funcionaram como memes/inspirações contagiantes no começo dos anos 2000 no Brasil, momento que a internet chegava ao país.
Através de convocatórias, manifestos para mobilizações críticas da mídia, reunindo artistas, hackers e ativistas políticos para criar festivais colaborativos como Mídia Tática Brasil (2003), Digitofagia (2004), Submidialogia (2005-2010) e laboratórios (Autolabs, 2004) Digitofagia funcionou como um conceito para ativar (abrasileirar) trabalhos e redes de colaborações, usando do espaço da arte para linkar artistas, movimentos sociais, rádios, comunidades de software livre etc. Através de obras artísticas de cunho político, debates, mídia tática, enraizado no contato com os territórios e seus espaços centrais e marginais, foi uma proposta colaborativa de um festival nômade. Enquanto a versão carioca teve seus debates hospedados em uma rádio livre (Rádio Interferência), mostras de vídeo em um espaço independente (Projeto Subsolo) e oficinas em uma rádio comunitária (Madame Satã), a versão paulistana ocupou um dos principais museus da cidade (MIS – Museu da Imagem e do Som, órgão estadual).1
Repensando a antropofagia na era das apropriações midiáticas, e reconhecendo o conhecimento tecnológico situado a partir de uma perspectiva do Sul Global. Thiago Fernandes em ‘Entre a (auto)destruição e a sobrevivência da imagem: intervenção urbana, mídia tática e a performatividade do registro do efêmero’ (2019) a define: “A digitofagia trouxe a antropofagia para o contexto da cultura digital, mantendo suas características e influências libertárias ao questionar direitos autorais e grandes corporações como a Microsoft, e abraçar práticas espontâneas do contexto brasileiro como pirataria e gambiarra.” (pág.119)
Ricardo Rosas e Giseli Vasconcelos podem ser considerados os autores do conceito e suas raízes estão presentes em trabalhos anteriores deles como RIZOMA1, máquina-conceito de Rosas (2002) que no início dos anos 2000 traduziu textos sob temas como Truquenologia, Mídia Tática , Digitofagia, Afrofuturismo, Anarquitextura, Recombinação, Neuropolítica, Desbunde2, Lisegia Visual, etc. Da Costa e Ferreira no artigo ‘Perspectivas tecnoxamânicas e tecnomágicas no ativismo digital brasileiro recente: uma trajetória possível’ descrevem o projeto Rizoma:
O Rizoma.net existiu entre 2002 e 2009 e tornou-se referência de pensamento crítico e provocador da cultura digital brasileira. Segundo a pesquisadora e ativista Giseli Vasconcelos (apud Belisário, 2016a: 120), a revista foi organizada por ‘um pequeno grupo, com poucos colaboradores, geralmente tradutores mais ligados à ficção científica e ao ocultismo’, entre os quais vale a pena o destaque para o ciberartista e ativista Ricardo Rosas. A edição intitulada “Ocultura”, de agosto de 2002, merece atenção especial. Nele, entre outros materiais, você encontra um ensaio de Timothy Leary descrevendo o cyberpunk como um alquimista moderno; um artigo de Erick Felinto sobre ‘tecnognose’, no qual são abordadas as relações entre tecnologias virtuais e imaginação espiritual; três obras de Hakim Bey sobre aspectos místicos das lutas políticas; além de um texto de Daniel Pellizzari sobre magia do caos e discordianismo. (…) mais do que um site ou uma revista virtual, segundo a própria definição, foi uma verdadeira “máquina de conceitos”, que organizou, traduziu e publicou diversas obras (p. 337, 2016).
Essa máquina-conceito foi colocada em funcionamento como ferramenta subjetiva para recuperar e situar temas como tecnologia, espiritualidade, táticas e lutas políticas. Da mesma forma, Autolabs3 (2004), articulado pela artista de Belém/EUA Giseli Vasconcelos, é um trabalho que reconhece essa truquenologia midiática criativa e resiliente brasileira, colocando em eixo três laboratórios de mídia independente com rádio livre, mídia livre, software livre e hardware reciclado nos arredores do cidade de São Paulo, com uma Internet ainda não capturada por experimentos capitalistas e binarismos algorítmicos, profundamente enraizada em lutas locais e práticas culturais como rádio, hip hop e educação sexual. Embora inseridos em um ambiente institucional, os Laboratórios de Autonomia também foram “uma experiência de transplante de laboratórios de mídia táticos em software livre das redes comparativamente privilegiadas frequentadas por artistas e ativistas bem-educados para três bairros pobres na zona leste da cidade: Ermelino Matarazzo, Itaquera e São Paulo”. Miguel Paulista, periferia de São Paulo.” (Garcia, 2005) O conceito-território proposto por Giseli não apenas articulou tecnologia e desejo onde eles mais importavam, mas também criou uma rede solidária de ativistas do software livre, desenvolvedores de computadores, antropólogos, arquitetos, jornalistas, estudiosos de mídia nacionais e internacionais, todos os tipos de conhecimentos eram importante, tornando-se um protótipo do que mais tarde se tornou o trabalho de implementação da “cultura livre” dentro dos gabinetes do governo brasileiro e posteriormente em áreas remotas do Brasil com o apoio do Ministério da Cultura brasileiro4.
O Festival Digitofagia foi uma mistura das duas ações, propondo conceitos de mídia, arte e política radical, num processo de “engolir” práticas midiáticas locais de baixa tecnologia e tecnologias apropriadas como pirataria, vendedores ambulantes, gatos, recombinação, sementes crioulas , analógico vs digital, copyleft, cultural jamming, satélites (movimento dos sem satélites5), ciberfeminismo entre tantos outros temas transversais à realidade brasileira, além de atuar em redes globais de resistência de comunidades de software livre e princípios de mídia independente e tática. O uso tático/memético/ideavírus (conforme proposto pelos autores) do termo Digitofagia significou não apenas uma reinterpretação do movimento antropofágico da década de 1920 e sua atualização por meio de práticas digitais contemporâneas, mas uma revelação de aspectos ocultos da própria cultura brasileira, como o seu legado negro e indígena (p. 11, Rosas e Vasconcelos, 2004).
Ao propor a atualização de uma ancestralidade que desafia o colonizador e estabelece perspectivas próprias de contato, reaproveitando elementos de fora, a defesa do matriarcado e a transgressão artística, a Digitofagia revelou práticas midiáticas que estavam à margem do campo da arte e da tecnologia, como a gambiarra, a pirataria e os samples, remixando-os com um conceito próximo da mídia tática.
Numa série de imersões realizadas em novembro de 2004, o Digitofagia foi um festival totalmente colaborativo de 11 dias, organizado abertamente por mailing list (disponível abaixo6) e um sistema wiki, reunindo propostas emergentes. Com um vasto programa que incluía também ações espontâneas, propôs uma teoria seminal de apropriação tecnológica tanto em sua práxis radical – um formato organizacional aberto, consistente com um movimento de arte crítica brasileiro, colaboração radical e autoria coletiva, em interface com uma comunidade internacional de solidariedade.
Alguns artigos históricos e livros que tratam do conceito e festival Digitofagia incluem ‘Só a Digitofagia nos une’, de Cícero Inácio da Silva, “Digitofagizando’ de Rosas e Wells (2004), “Digitofagia cu-quê-bu-quê”, ed. . por Ricardo Ruiz e Wells (2004) – um grande volume não editado contendo todas as discussões por e-mail antes do festival. Lá você encontra um artigo enviado por Rosas para a lista, por exemplo, contendo uma referência ao artigo de Bernard Schütze ‘Cannibals on line’ (2004) apontando referências para o Festival onde Bernard escreve:
A visão europeia do canibalismo é uma prática tabu, que nomeia o outro como bárbaro, pagão e fora da civilização; uma prática em que o outro se constitui através de uma alteridade radical e ameaçadora. Contra esta negação do outro a antropofagia se opõe a uma alegre assimilação do outro sem discriminação. “Só estou interessado naquilo que não é meu”, proclama o Manifesto. Contra o complexo edipiano centrado na família europeia, oferece uma compota comestível aberta a todos. A estratégia antropofágica envolve tanto a devoração daquilo que é desejável, para assimilá-lo, como também aquilo que é detestável, para que se possa livrar-se dele. Esta visão também ecoa a observação seminal de C.Lévi-Strauss de que: “…a prática do canibalismo, isto é, aquelas que consideram a absorção de certos indivíduos possuidores de poderes perigosos como o único meio de neutralizá-los, e até mesmo de transformá-los em vantagem, e aqueles que, como a nossa própria sociedade, adotam o que se poderia chamar de “antropoemia” (do grego emein, vomitar); diante do mesmo problema, este último tipo de sociedade escolheu a solução oposta, que consiste em expulsar seres perigosos do o corpo social…” (C.Lévi-Strauss (1955), Tristes Trópicos, p.387-8). À luz desta visão geral superficial, deveria ficar claro por que sinto que a antropofagia e a antropoemia podem estar ligadas às tendências atuais na net.art, no net.activismo e na invasão corporativa do ciberespaço. (Digitofagia cu-quê-bu-quê, 2004), reflexão aprofundada no artigo de Márcio Ferreira de Araújo Jr, ‘Digitofagia e digitoemia. Percursos da mídia tática no Brasil’ (2008).
Tendo organizado um ano antes o festival Mídia Tática Brasil, parte do festival internacional de ativismo midiático N5M7, mobilizado pelo mailing-list de mídia crítica Nettime, do qual Rosas fazia parte, a Digitofagia não apenas criou sua própria versão de mídia tática, mas atuou como um agente global rede de solidariedade com um “processo radical (e antagônico) de descentralização” (Garcia, 2004). Com colaborações do Canadá (ativista ciberfeminista Marie-Christiane Mathieu, Space XX), Holanda (teóricos de mídia David Garcia e Felix Stalder) e Nicarágua/México/EUA (artistas Ricardo Miranda Zuninga e Fran Illich), Digitofagia funcionou sob o lema “Act em assembleia quando juntos, agem em rede quando separados.” (Congresso Nacional Indígena Mexicano, 2004). Freire Filho (2005) argumenta que essas obras tinham aspectos contraculturais e anticapitalistas “dezenas de coletivos de jovens artistas brasileiros – sediados em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, São Paulo e Brasília – que se apropriam de estratégias situacionistas da década de 1960, num ataque à máquina da globalização neoliberal – em consonância com as manifestações de Seattle e Gênova e o canibalismo da produção artística pelo sistema comercial ( …) atribuindo à mídia o papel de mediador na transformação social, e ênfase na ação direta em detrimento da busca por
representatividade e o fato de operarem em rede com perfil político e antiinstitucional (p. 6, Mazetti, ‘Ativismo midiático, redes sociais e novas tecnologias de informação e comunicação’, 2005).
Características locais importantes a serem observadas neste meio tático tropical são alguns dos conceitos que inspiraram tais ações, como os princípios de baixa tecnologia (Rosas, 20048):
O atual beco sem saída do neoliberalismo parece ter despertado a consciência de vários grupos no Brasil, que passaram a criar fora das instituições estabelecidas com performances, intervenções urbanas, festas, tortas, filmagens in loco de protestos e manifestações, ocupações, trabalho com assistência social movimentos, culture jamming e ativismo midiático. Diferentemente dos coletivos high tech europeus e americanos, os coletivos brasileiros operam nos interstícios das práticas tradicionais da cultura estabelecida, em ações que até agora possuem um viés mais low tech. (‘A Vingança da Lowtech: Autolabs, Telecentros e Mídia Tática em São Paulo’, 2004.
Para além do seu aspecto técnico (analógico/digital/baixa/alta tecnologia) houve também um aspecto crucial que foi o uso resistente e criativo das tecnologias, transformando a resistência num ato criativo. O estudioso de comunicação brasileiro Antoun afirma sobre esse tipo de midiativismo: “Resistir também significa inventar movimentos através dos quais formas autônomas de viver e governar a própria vida possam ser, ao mesmo tempo, formas de lutar e de se expressar publicamente. tornar-se um e o mesmo movimento” (Antoun, 2001).
O livro Net_Cultura 1.0 – Digitofagia editado por Giseli Vasconcelos e Ricardo Rosas9 em 2004 consolidou todas as colaborações e temas que cruzaram o evento, sistematizando o contexto brasileiro do início dos anos 2000 no Brasil, um momento de utopias simultâneas, quando uma ética hacker liderou ativistas para construir políticas públicas no Brasil, sob uma administração renovada, mas também um momento em que redes radicais conseguiram cooperar estrategicamente em todo o país, organizando solidariedades emergentes nas áreas mais remotas do Brasil. Outros artigos que analisam a influência desses grupos ativistas na promoção de políticas públicas no Brasil são ‘Brasil Digital: nação de código aberto e a metarreciclagem do conhecimento’ (Margareth Ann-Clarke, The “Noughties” in the Hispanic and Lusophone world, 2012) , ‘We Pledge Allegiance to the Penguin’10 (Wired Magazine, Julian Dibbell, 2004) e no Brasil ‘A Cultura Digital e os Pontos de Cultura: Letramento Digital e midiático’ (Adriana Veloso, 2008) e ‘Ponto de Cultura – o Brasil de Baixo para Cima’ (Célio Turino, 2010), entre outros. É importante notar para esta pesquisa como as teses e artigos escritos sobre o programa Pontos de Cultura/Cultura Viva raramente mencionam as genealogias dessas redes artísticas e ativistas e as conexões problemáticas entre grupos autônomos e organização institucional. Excetuam-se trabalhos dos próprios grupos autônomos como Submidialogia: Apropriações Tecnológicas: Emergência de textos, ideias e imagens do Submidialogia#311 (2008) e ‘Manifesto para a engenharia reversa das redes12’ de Bartolina Sisa (2001). O livro “Net_Cultura 1.0 – Digitofagia” traz ainda uma dedicatória póstuma a Rosas, falecido poucos anos depois.
O festival Digitofagia marcou não apenas um momento utópico no Brasil, a primeira eleição de Lula para a presidência e o mandato de Gilberto Gil como Ministro da Cultura, mas mais importante ainda, um momento em que ações-redes-máquinas-conceitos radicais ocuparam espaços e instituições artísticas centrais trazendo seus formatos autônomos e coletivos com no que chamavam de “ocupações”, modelo posteriormente replicado em comunidades como as obras Autolabs (Vasconcelos, 2004) e Prestes Maia (Adams, 2006). Autolabs e Mídia Tática Brasil.13 Giseli descreve esse momento como tal: “de expansão da internet no país e as políticas de inclusão que se estendiam para todos os estados. Entre 2005 e 2006, período de euforia da autonomia na rede se deparava com um novo campo de atuação a partir da experiência com financiamentos internacionais, parcerias governamentais e subvenções de incentivo à cultura, reconfigurando nossas maneiras de atuar em rede e nos posicionar para um campo macro institucional que vai se refletir na dimensão das cidades. ” (p.xxx )
Essa atuação tática, insider-outsider (Collins, 1986) de Giseli, junto ao rigor teórico polifônico de Rosas resultaram em uma proposta central e marginal (Milliet, 1944) simultaneamente, precursores na medida em que trouxeram essas independências radicais de grupos como o Indymedia e a rede nacional de rádio livres Rádio Livre.org, os computadores reciclados dos ativistas da Metareciclagem e os fanzines aos Museus, e de certa forma criticando esta utopia institucional ao propor hacks, desvios e transmissões ilegais como forma de ação direta dentro dessas instituições. O teórico da mídia David Garcia escreveu sobre o trabalho do Autolabs em 2005, observando seu caráter de rede global/transnacional: “a razão pela qual o projeto Autolabs não foi completamente dissociado de seus valores por agentes de poder locais entrincheirados foi que os organizadores nunca perderam contato com as formas autônomas de conhecimento decorrente da sua relação com redes globais de resistência” (‘Autolabs: criticando a Utopia’14, Mute Magazine, 2005).
Muitos artigos e teses ainda hoje são escritos sobre as redes de arte, mídia e ativismo concatenadas pelo MTB e Digitofagia e suas influências nas práticas artísticas e políticas do início dos anos 2000 no Brasil. Infelizmente muito poucos em outras línguas que não o português. Essas obras, Rizoma, MTB, Digitofagia e Autolabs, são em si ferramentas para compreender a Internet que chega ao Brasil, as ansiedades criativas, as possibilidades, as questões que moldaram as práticas midiáticas no início dos anos 2000, tanto uma invenção estatal, mas também alimentada por ideias anarquistas. princípios , colaborativos, criativos e contraculturais. Iconoclastas, meméticas, ampliando espaços de resistência, Autolabs e Rizoma vibram as principais reflexões midiáticas críticas de Vasconcelos e Rosas sobre um uso brasileiro descolonial e digitofágico da tecnologia.
Do site original, recuperado através do Archive.net
https://web.archive.org/web/20050205001838fw_/http://www.midiatatica.org/digitofagia/index.html
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O termo Digitofagia nasceu da idéia de unir os conceitos de Antropofagia e mídia digital. Antropofagia foi um movimento artístico muito importante da cultura brasileira que surgiu nos anos 20, seguindo o movimento modernista brasileiro. Originalmente significou o ato de comer um outro ser humano, práticas de alguns índios brasileiros, para “pegar a força e a coragem do inimigo”, seja este inimigo um índio de outra tribo ou o colonizador. Esta também foi a metáfora – se seguirmos a idéia do criador do movimento, o escritor Oswald de Andrade – no sentido de pegar uma informação estrangeira, neste caso, das vanguardas européias, e digerí-la, misturando com as circunstâncias locais, transformando os resultados em algo original. Isso também significou reconhecer a herança indígena e negra em uma reinterpretação vanguardista. A Antropofagia foi de importância fundamental para a definição da cultura brasileira contemporânea, como pode-se observar pela sua redescoberta nos anos 60 pelo movimento de poesia concreta e pelos músicos do Tropicalismo, que por sua vez digeriram o universo da cultura de comunicação de massa, cultura pop e cinema.
A idéia de uma Digitofagia seria não apenas repensar a prática antropofágica na era dos computadores e das novas mídias, mas causar uma antropofagia das práticas de mídia tática atuais ao colocá-las em interação com grupos locais e internacionais, assim como investigar como que os brasileiros lidam com a tecnologia, seja por improvisação ou pelo famoso “jeitinho” brasileiro para superar as dificuldades técnicas e financeiras.
Outro fato importante de se lembrar é que os teóricos da cibercultura brasileira parecem estar muito distantes das realidades de prática e experimentação atuais, assim como o universo artístico ignora, em sua maioria, a prática ativista de artistas contemporâneos e militantes, assim como as teorizações que circundam essas práticas. O objetivo do Festival Digitofagia é exatamente propor a interação de tais grupos para aumentar o debate e fomentar práticas.
Formato
O evento será estruturado no espaço do Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo, de 18 a 24 de outubro, permitindo a experimentação de diferentes grupos transdiciplinares, dois a dois, que acontecerão uma semana antes da exibição. A exibição em si, está sendo criada a partir de duas listas de discussão digitofagia@lists.riseup.net (português) + digitopaghy@lists.riseup.net (inglês). Espera-se que durante a exibição sejam mostrados os resultados da interação, no fim-de-semana, com o Museu abrindo espaços de livre expressão para o público, com uma sala e equipamento para apresentações.
Este espaço co-existirá como uma área de livre comércio para a reprodução de materiais de mídia sob domínio público, ou liberados sob alguma licença (como Creative Commons). É esperado que possamos manipular nos acervos do Museu os trabalhos que já estejam em domínio público. Os debates acontecerão durante a mesma semana, complementando o que será visto em termos práticos.
O maior interesse de Digitofagia é permitir a colaboração e a troca de idéias e ações não apenas para abrir novos horizontes de aplicação para todos os envolvidos mas também para deixar com que novas configurações culturais aconteçam.
DigitoRIO
DigitoRIO
De 14 a 17 de outubro
Repensar a prática antropofágica na era dos computadores e das novas mídias através de uma antropofagia das práticas de mídia tática atuais. Digitofagia se apropria da tecnologia para criar ações + projetos em colaboração – contemplando a vanguarda, a ilegalidade e as gambiarras brasileiras – através de um festival de 11 dias, sendo os 4 primeiros dias em três locais do rio de janeiro e o restante em são paulo, no Museu da Imagem e do Som.
A programação carioca inicia-se no dia 14 de outubro, com rodas nômades sobre mídia tática, rádio livre, rádioarte e conhecimento em rede: propriedade intelectual e software livre. Sábado a domingo, durante a semana nacional de democratização da mídia, ocorrerão performances, mostras de vídeos, de cartazes, uma burn station – máquina copiadora de mídias digitais (traga o seu cd! ), além de oficinas de instalação de linux e produção de mídia em software livre. O festival se encerra com uma Antifesta no dia 17 de outubro, só para recomeçar no outro dia, em são paulo.
Está aberto o Camelódromo!
Quinta, 14 de outubro, auditório da Rádio Interferência
Roda Nômade
Dividida em dois atos e um intervalo, cada Roda Nômade pretende unir o máximo de pessoas possíveis em torno de temas transdiciplinares através de conversas e um bom jogo de cartas.
16h00 O bê-a-bá da Mídia Tática
ou o que alguns brasileiros andam fazendo por aí que vai fazer voce nunca mais ver a TV do mesmo jeito
Ricardo Ruiz, Tatiana Wells (midiatatica.org)
Ivana Bentes (UFRJ)
Carteado: mídia tática, contra-hegemonia, comunicação alternativa, manifesto mtb, digitofagia, diy, ativismo, redes livres
18h00 Intervalo: Oficina Universidade Nomade e Global
A universalização dos direitos, capitalismo imaterial, sabotagem social, a formação de redes globais de ativismo, a abertura da universidaqde para negros e pobres, etc. Com Giuseppe Cocco, Alexandre Nascimento, Écio e Leonora
18h30 Rádio Livre, Radioarte
~ o. u. ç. a. ~
Romano (Projeto Ondas)
Giuliano Djahjah (Rádio interferência)
Mauro Jose Sa Rego Costa (Rádio kaxinawá – UERJ -Duque caxias)
Paulo Vivacqua (Radio Brazilian Sound Projects, radio columbia em NYC) a confirmar
carteado: radiolivre.org, radio livre, radio comunitaria, gestão, relação institucional, radioarte, academia, governo lula
Sexta, 15 de outubro, auditório da Rádio Interferência
Roda Nômade
16h00 Conhecimento em rede: Software livre e Propriedade Intelectual
dos commons ao copyleft
Felix Stalder (openflows.org)
Simone Michelin (UFRJ/Formigueiro)
Ronaldo Lemos (FGV/Creative Commoms Brasil)
Hermano Vianna
Eurico Zimbres (UERJ)
Magaly Pazello (Rede Dawn)
Tati Roque (UFRJ/Global)
João Martins (CULT-UFF)
carteado: política, prazer, solidariedade, a economia, colaboração, comum, coletivo
18h00 Intervalo: Desfile Sampling Way of Life
Sábado, 16 de outubro, no Projeto Subsolo
a partir das 14 horas
Anti Festa
espaço informal para ruídos melódicos e ações espontâneas e imprevistas + estúdio de produção aberto para trocas, gambiarras e traquitanas digitoeletrônicas + reprodução de material copyleft ou liberado. traga o seu cd!
:: instal{ações
-Estrombo: instalação interativa sobre a digestão da mídia, de Moana Mayall
-Grupo UM
-Hapax
-o Dragão da Maldade Contra o Santo Tomate: distribuição de tomates orgânicos em ação anti-transgênicos
-cartazes e stickers by contente, pontogor, rafo castro, BaseV, tpmcrew, attack+
:: burn station
Combo-cd + publicações
mídia a cargo de cada proponente
– distribuição do pequeno manual de áudio/ imagem /recursos para ativistas
– distribuição de coleção de arquivos em cd sobre mídia tática, hackerismo.
– distribuição do manual de mídia do polymedia
– distribuição do manual de contratv (contratv.net)
– distribuição do material gráfico produzido nas oficinas
poderá ser cobrado o valor da mídia
+
14h00 – Oficina de instalação de software livre
no laboratório do projeto ondas da cidadania, rádio madame satã
Tudo o que você precisa saber para nunca mais usar um windows™
Eurico + membros do Linuerj (UERJ)
15h00 – Oficinas de mídia CMI e contratv
no laboratório do projeto ondas da cidadania, rádio madame satã
Produção de noticias + edição de imagem + edição de áudio = publicação independente
15h00notícias
Tatiana (contratv)
16h00editoração
Ricardo (contratv) gimp
Vitor (CMI) scribus
17h00som
Romano (projeto ondas) audacity
Vitor (CMI) como montar uma webrádio linux com DARKSNOW – experimental!
Marcos (rádio interferência) como montar uma webrádio windows com WINAMP e SHOUTCAST
de 18h00 às 22h00 – Filmes
18h00 – contratv.net
mostra de videos
19h00 – laisle
a sociedade da informação e seus discontentes – curadoria c. sansolo 1:05h
1 – katz – education b4 education, study on media (japão)
(como a sociedade contemporânea adestra e programa suas crianças) 6:00
2- kawai – the theology of the society of the spectacle 8:00
3- kawai – is not for devatas who keep dancing (japão)
(2 leituras criticas sobre a sociedade da informação) 12:00
4- Marcello Mercado – das kapital 07
(livre leitura do kapital feita em 2003) 20:00
5- carlo sansolo – fim das utopias xp
(etnocentrismo e discussões afins) 7:00
6- j. p. gabriel – we are winning don’t forget (frança)
(um cheer up pelo movimento anti-capitalista global) 7:00
7- erika fraenkel – love’s house 2
(um lindo vídeo sobre a sexualidade possível de uma senhora) 5:00
+
questões relacionadas ao feminino – por erika fraenkel
Catherine meziat – femme fatale 3:00 França
Flame Schon – sex cells – 1:40 USA
Song kim – I promise to do something with you – 2:00 Korea
Sally Larson – certain women 2:00 USA
Seyda Cesur – digital witness – 1:30 Turquia
Neriman Polat – untitled – 2:00 Turquia
Canan Senol – Çeçme – 3:00 Turquia
Cecilia Lundqvist – Trim – 4:00 Suecia
Clarisse Tarran – Me desculpe – 5:00 Bra
Erika Fraenkel – taxi aereo – 5:00 Bra
Rafaela Arrigone – Imersão – 3:00 Bra
Natalia warth – rainha elizabeth – 1:00 Bra
Franz Wanner – Pirts – Alemanha. 1:00
Fernando de la rocque e bob n – ? Bra
21h00 – A propósito de situações
mostra de videos – sem sizo, transição listrada et al
Domingo, 17 de outubro, no Projeto Subsolo
a partir das 14 horas
Anti Festa
espaço informal para ruídos melódicos e ações espontâneas e imprevistas + estúdio de produção aberto para trocas, gambiarras e traquitanas digitoeletrônicas + reprodução de material copyleft ou liberado. traga o seu cd!
:: ações
-recicle1politico
-Grupo UM
-Hapax
-o Dragão da Maldade Contra o Santo Tomate: distribuição de tomates orgânicos em ação anti-transgênicos
-cartazes e stickers by contente, pontogor, rafo castro, BaseV, tpmcrew, attack+
:: burn station
Combo-cd + publicações
mídia a cargo de cada proponente
– distribuição do pequeno manual de áudio / imagem /recursos para ativistas
– distribuição de coleção de arquivos em cd sobre mídia tática, hackerismo.
– distribuição do manual de mídia do polymedia
– distribuição do manual de contratv (contratv.net)
– distribuição do material gráfico produzido
poderá ser cobrado o valor da mídia
de 14h00 às 17h10 – Filmes
14h00 – “Seu mestre mandou”, Bernardo Varela Costa
documentário (26 min)
14h30 – “Como você ouve o mundo?” (20′ ou 70′)
documentário em fase de finalização, de julio braga e luiz monteiro
15h10 – “Okupação Chiquinha Gonzaga”
entrevista com pessoas da ocupação, de Eduardo Silva
15h40 – 17h10 cineCMI
apresentação: André CMI-Rio
17h00 – Oficina de stencil
com intervenção urbana
Carlos Contente
17h02 – e-noise
17h – S.O.M. (SeresOperandoMatéria)
17:50h – Plano B – com KKFS (tudo o que você nunca ouviu)
– Marcos OF (eclético esquisito)
– Talma Pizzeli (dub, ragga, jungle e drum´n´bass)
20:30 – DJ Coisa Fina (samba rock)
21:20 h – Radio Plug (artistas de música eletronica envolvidos com o Festival Plug)
22:10 h – Digital Dubs (Dub, Ragga, etc)
VJ Simplício a qualquer hora!
Domingo, 3 de outubro, na rua
Pré-ações
Você vai votar?
vai votar em quem?
você tem CERTEZA??…
– distribuição de cerveja (em desobediência à lei seca)
– http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2004/06/284425.shtml∞
– o pessoal daqui vai de BARCA ato na praça XV até a barca!!! BARCA NAO VOTO EM NINGUÉM! 🙂 manifestação panfletária também 🙂 explicando porque a gente não vota. tragam seus amigos!
Duplique e distribua o flyer
Endereços
Auditório da Rádio Interferência
UFRJ – Campus Praia Vermelha – Prédio da Educação
Rua Venceslau Brás, 71 – entrada ao lado do Pinel
Projeto Subsolo
Rua Joaquim Silva, 71 – Lapa
Rádio madame satã
Rua da Lapa, XX
o que temos
– Projeto Ondas – 5 máquinas (R)
com as oficinas
VELOX 512 KBPS
– 2 emprestadas (jah jah/ruiz)
para ficarem no projeto subsolo
uma delas necessita de plugin flash
sem conexão!!
– Projetor (CMI)
– dvd (Sansolo/Grazi)
– videocassete (patrícia)
– 1 mk2 (esquemageral)
– “mixer numark 2002 x” 2 canais com 4 entradas (pode ligar 2 mks e 2 cdjs) (planoB)
– uma mesa de som e PA – caixas de saida (eduardo silva)
necessidades
– materiais para oficina de stencil: spray – ok, acetato, papel branco, jornal, cola, cutter, camisetas ou roupas para pintar…
– equipamento de som
DJ:1 mkII, 2 cdj
pode ser um walk-man?
(magally – criar brasil?)
– VJ:
tela branca – ok
projetor – ok
um cabo RCA longo
um lugar preu montar o equipamento (laptrop/dvd) em uma mesa perto de uma tomada
régua com umas 5 tomadas
Local de encontros aqui no rio: aprt() e projeto subsolo
Próximo encontro: em aberto
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